domingo, 10 de abril de 2011

PLANTAS E ANIMAIS: História do Bonsai

Introdução à História do Bonsai


São muitos os que hoje em dia se apaixonam pela arte do bonsai e buscam criar obras que falem ao coração dos homens. Todos contribuem com sua paixão para o futuro desta arte tão singular, e graças a isso os homens têm conseguido transmitir seus conhecimentos para gerações futuras.

Somos o resultado  de muitas gerações e dinastias de indivíduos que foram, ao longo dos anos, transmitindo a sua paixão e amor através dos tempos. Graças a esta transmissão de conhecimento sem interrupção, o bonsai chegou a nós. Somos responsáveis e devemos perpetuar este conhecimento para o mundo moderno.

Quais as razões pelas quais o bonsai encanta as pessoas de todas as idades e várias culturas, apesar das dificuldades de sua criação e cuidados?

Será que o encanto existe nas miniaturas? Para manter a força vital de uma árvore e seu desenvolvimento no espaço limitado de um vaso, há que se ter o sentido de responsabilidade e aprender numerosas técnicas de horticultura e botânica. Temos que aprender as teorias estéticas, as formas das árvores e sua posição estética no vaso, e principalmente esperar com paciência seu desenvolvimento e se dedicar a cuidados que irão durar por toda sua vida.

Quando cultivamos bonsai descobrimos que a dificuldade aumenta com o tempo e, ao invés de desistir, isto estimula o desejo de aprender. Será por isso que os japoneses consideram o bonsai uma fonte de juventude? Às vezes sentimos a necessidade de julgar as obras vistas nas exposições e livros especializados, o que é normal e apaixonante. Mas para aperfeiçoar nosso conhecimento do mundo do bonsai é essencial conhecer as técnicas, as formas que existem na natureza e seus mistérios, para expressá-los com uma visão pessoal.

Aprender a observar é o primeiro ponto importante. O segundo é compreender. Para aprender os segredos de uma arte os chineses falam:  “Temos que buscar a cultura lendo mil livros e fazendo uma busca de conhecimento que será infinita”. Essas são as duas etapas da busca do conhecimento estético: “conhecer e compreender”.


O bonsai é uma obra de pura contemplação, uma poesia sem palavras, um pintura em relevo; não é apenas uma técnica. Por isso é necessário aprender a história e conhecer a evolução do bonsai, para ver as decisões e direções que foram tomadas pelos nossos predecessores.

Compreendendo os seus motivos e sua maneira de observar a arte, aumentaremos nossa capacidade de construir e criar obras pessoais.

A expansão econômica do Japão nos anos 60 e 70 permitiram à cultura do país se expandir no mundo inteiro. Por razões históricas o país foi o principal instrumento de divulgação do bonsai no ocidente, principalmente por causa do isolamento cultural da China neste mesmo período. Isto contribuiu para que se criasse uma confusão sobre a origem do bonsai e sua apreciação estética.

Por falta de informação ou por conformismo, nós nos firmamos como ponto de encontro num modelo de bonsai japonês, sem compreender o sentido do Penjing, que é a arte do bonsai em chinês.


O Bonsai na Antiguidade


Podemos dizer que o bonsai é uma flor que nasceu em um jardim da cultura chinesa. A aparição do bonsai está diretamente ligada às técnicas de cultivo de plantas em vasos. Os documentos antigos são raros, fragmentados e insuficientes para estabelecer uma cronologia precisa.

Fragmento de vaso com desenho de uma planta.
Este é o testemunho mais antigo com 6.000 anos.

Em 1977 foi achado um fragmento de cerâmica nas escavações de Zhedjang. Este fragamento tinha gravado o desenho de um planta em um vaso. Este é o testemunho mais antigo da existência de cultivo: 6.000 anos de idade.

Não se sabe porque a representação no fragmento de cerâmica era uma planta de cinco folhas da família dos lírios; hoje essa planta é considerada um amuleto na região de Zhedjang. O desenho no vaso aponta características de uma vaso específico para manutenção de uma planta em condições de cultivo.

Na arte antiga e figurativa, a representação de um objeto não precede a sua criação.  Arqueólogos concluem que o desenho ilustrasse uma perspectiva muito elaborada,  e que tinha um significado de uso reconhecido e digno de ser representado em sua época.

Fresco mostrando serva chinesa
carregando um vaso em suas mãos.
Antes do achado desse período Tang, não há nada referente às paisagens ou árvores em miniaturas. É muito pouco provável que a técnica de miniaturização, que exige uma larga experiência, não deixasse maiores indícios. Só temos indícios reais e detalhados de cultivo de plantas em vasos no séc XIV a.C. São escrituras chinesas entalhadas em cascos de tartaruga e nelas estão escritos conceitos em ideogramas que explicam a relação do homem tentando domesticar a natureza.

Em 250 a.C.,  no reino do imperador Quin, surgem livros sobre horticultura descrevendo a plantação de variedades de árvores exóticas sensíveis ao frio e geadas. Um dos livros possui mais de 2.000 variedades de árvores.

Os palácios possuíam jardins internos e externos e isso levou obrigatoriamente ao cultivo de árvores em vasos, para poder transportá-las no inverno para o interior dos palácios. Os jardins internos nos levam à aproximação da natureza tanto pela procura estética como filosófica. Os Jardins de Le Nótre nos levam ao filósofo Descartes, os jardins Chineses ao pensamento Taoísta.

O universo é feito de vários símbolos, plantas, montanhas, pedras, terra e água, todas com uma grande força poética e religiosa. É provável que, para os autores de livros relacionados a jardins, não havia diferença entre os grandes jardins de palácios e os pequenos em casas ou em miniatura, pois nenhuma fonte de informação faz distinção à diminuição de espaço de cultivo. Às vezes aparecem alguns elementos que lembram este tipo de cultivo. Nas tumbas da época Heiam, podem-se ver flores roxas dentro de vasos (25 a.C). A primeira citação em um livro referente ao cultivo de plantas em vaso é atribuido ao Calígrafo Gishi.

Em 530, um livro especializado trata pela primeira vez da modificação da forma para representar um dragão, um pássaro, etc. Este livro trata de várias maneiras de torcer e modelar galhos.

Ulmus chinensis.
Autor: Paulo Netto
Para os historiadores japoneses e chineses, desta modificação da forma nasceria a primeira idéia de formar um bonsai. A preocupação puramente estética é muito abordada entre vários autores chineses e japoneses, tanto antigos como modernos.

O importante é saber que a aparição do penjing e do bonsai não é recente e fútil, mas tem, sim, a origem nas crenças antigas que influenciaram na criação dos jardins. Um jardim é admirado pelo seu dinamismo; sua grandeza não está no seu tamanho, mas na beleza que toca a nossa imaginação.






Textos e fotos de: Paulo Netto

Agradecimentos:
Ao senhor Paulo Netto a forma rápida e solicita como autorizou a utilização dos textos e fotografias publicadas no seu site: http://aidobonsai.wordpress.com/.
Desde 1990 que estuda e desenvolve esta bela arte milenar.

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