segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MATERIAIS: Pedras naturais ornamentais e de revestimento

ROCHAS NATURAIS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO

Conceitos, Tipos, Utilização, Cuidados.

INTRODUÇÃO
As rochas naturais são muito utilizadas na construção e decoração de edifícios. A variedade é enorme, quer em termos geológicos, quer em termos cromáticos, o que dificulta o trabalho dos leigos que apenas querem comprar uma “pedra decorativa”. Para facilitar esse trabalho, abaixo são mostradas as definições do ponto de vista comercial, diferente das definições científicas.

CONCEITOS
Rocha ornamental é, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), um material rochoso natural, que, depois de submetido a diferentes graus ou tipos de beneficiamento ou afeiçoamento, pode ser utilizado para exercer uma função estética.

Rocha para revestimento, também segundo a ABNT, é uma rocha natural que, submetida a processos diversos e graus variados de desdobramento e beneficiamento, é utilizada no acabamento de superfícies, especialmente pisos e fachadas, em obras de construção civil.

As pedras ornamentais e de revestimento também são conhecidas por pedras naturais. Podem ser empregadas in natura como placas ou lajotas, sem qualquer polimento, em revestimentos.

DEDINIÇÕES COMERCIAIS
Comercialmente, as rochas ornamentais são definidas em duas principais categorias: os granitos e os mármores. Os granitos abrangem as rochas silicatadas, ao passo que os mármores incluem as rochas carbonáticas. Outras categorias são os quartzitos, serpentinitos, travertinos e ardósias.

As designações comerciais são muitas vezes enganosas, pois têm critérios estéticos e decorativos sem qualquer relação com a natureza geológica da rocha. O padrão cromático é o principal critério utilizado para a qualificação comercial de uma rocha. Assim, e segundo as suas características cromáticas, os materiais são enquadrados em:
Clássicos - Os materiais clássicos não sofrem influência de modismos. Inclui os mármores vermelhos, brancos, amarelos e negros, bem como granitos negros e vermelhos
Comuns - Os materiais comuns são muito utilizados em revestimento. Neste grupo estão os mármores beges e acinzentados, além dos granitos acinzentados, rosados e amarronzados.
Excepcionais - Os materiais excepcionais, pela sua raridade e preço, são normalmente utilizados para peças isoladas e pequenos revestimentos. Abrange os mármores azuis, violeta e verdes, além de granitos azuis, amarelos, multicores e brancos.

CARACTERÍSTICAS DAS ROCHAS
Granitos
Os granitos são rochas ígneas basicamente formados por mica, feodsfato e quartzo. Esses materiais enquadram-se nos minerais com dureza Mohs 6 e 7. Os granitos, pela sua grande diversidade estético-decorativa e, em geral, maior resistência ao desgaste, são muito mais utilizados do que os mármores. Exemplos de granitos: Capão Bonito, Branco Fortaleza, Verde Marinace.

Mármores
Os mármores são rochas metamórficas de origem sedimentar formados principalmente pelos minérios calcita e dolomita, que na escala de Mohs se enquadram entre o 3 e o 4. Os mármores têm tons de cores que variam de creme-esbranquiçado ao bege-amarelado, entre outros. Pela sua própria natureza, são rochas macias, pouco abrasivas, e de baixa resistência aos agentes intempéricos. Exemplos de mármores: Bege Bahia (travertino), o Imperial Pink (mármore calcítico), a Pedra Cariri (calcário laminado), o Candelária White (mármore dolomítico) e o Carrara (calcário).

Quartzitos
Os quartzitos são rochas de variada tonalidade de cor. São rochas naturalmente resistentes aos abrasivos e duros ao corte. Exemplos de quartzitos: Azul Macaúbas, o Azul Imperial, e o Branco Santa Mairi.

Ardósias
Ardósias são rochas metassedimentares, de baixo grau metamórfico, formadas a partir de seqüências argilosas e síltico-argilosas. São rochas de cor cinza-escura a preta. Da sua extração obtêm-se facilmente placas mais ou menos uniformes. São rochas geralmente impermeáveis e pouco resistentes ao desgaste abrasivo. Exemplos de ardósias: Ardósia Vinho, Ardósia Verde.

Serpentinitos e Esteatitos
Os serpentinitos são produtos de alteração hidrotermal de rochas ígneas ultrabásicas magnesianas
São rochas de coloração verde-escura a amareladas, maciças a fibrosas e de baixa dureza. Exemplos de serpentinitos: Granito Verde Rajasthan e Granito Verde Alpi.

Os esteatitos, são rochas metamórficas, compactas, compostas sobretudo de talco (também chamado de esteatite ou esteatita) mas contendo muitos outros minerais como magnesita, clorita, tremolita e quartzo. São rochas de cores esverdeadas, de baixíssima dureza. Ao tato, dão uma sensação de ser oleosa ou saponácea, derivando-se daí sua designação de pedra-sabão. Exemplo de esteatito: Pedra-Sabão.

Arenitos e Conglomerados
Os arenitos são rochas sedimentares clásticas. Em razão da própria natureza, os arenitos são em geral porosos e resistentes ao desgaste abrasivo. Exemplo de arenito: Rosa Bahia.

Os conglomerados são rochas sedimentares clásticas, textura heterogênea, formado de seixos de diferentes tamanhos. Exemplos de conglomerados: Verde Marinace e o Vesúvio Bahia.

Principais propriedades das rochas
Dureza
Os granitos (rochas silicáticas e silicosas) são mais resistentes ao desgaste abrasivo e também a riscos. Entre os granitos será tanto maior a resistência quanto maior a quantidade de quartzo.
Entre os mármores (rochas carbonáticas), tanto maior é a resistência quanto maior o caráter dolomítico.

Absorção de água
Traduz-se pela porcentagem de espaços vazios intercomunicantes, ou seja, a porosidade efetiva dos materiais, os valores observados para as rochas silicáticas e silicosas são geralmente maiores que os das rochas carbonáticas. Os granitos e quartzitos, mesmo polidos e lustrados, estão assim mais sujeitos que os mármores ao manchamento por infiltração de líqüidos.

COMO SABER A DIFERENÇA ENTRE GRANITOS, MÁRMORES, SERPENTINOS E ARDÓSIAS
Para distinguir os diferentes tipos de rochas podem ser feitos dois testes simples, o teste do risco e o teste do ácido:
- os granitos não são riscados por canivetes e chaves;
- os mármores, inclusive travertinos, são riscados por canivetes e chaves, e também reagem ao ataque de ácido clorídrico a 10% em volume, efervescendo tanto mais intensamente quanto maior o caráter calcítico (na falta de ácido clorídrico, pode-se pingar limão).
- serpentinitos e ardósias não efervescem ou efervescem muito discretamente, e podem ser riscados por canivetes.
- os quartzitos, muitas vezes assemelhados aos mármores, não são riscados por canivetes/chaves e nem efervescem com ácido clorídrico ou limão.

UTILIZAÇÃO E APLICAÇÃO
A escolha da melhor rocha como uso estrutural ou para revestimento, deve ter em conta o meio físico e as solicitações de uso. O uso inadequado das rochas ornamentais e de revestimento pode levar ao seu desgaste precoce e a prejuízos econômicos. Em primeiro lugar é necessário distinguir as rochas silicáticas e silicosas, que recebem a denominação de granitos e quartzitos, das rochas carbonáticas, designadas genericamente como mármores e travertinos.

Aplicação por tipo de rocha
Granitos
Mármores
Ardósias
Pias
Revestimentos de pisos e escadas de baixo tráfego (residencial)
Revestimento de exteriores

Balcões
Soleiras e peitoris (residencial e sem exposição ao tempo)

Lavatórios para uso intenso ou para uso residencial
Lavatórios para uso residencial

Revestimentos para fachadas
Bordas de banheira

Bordas para banheiras
Aparadouros

Lareiras
Revestimento para lareiras

Soleiras
Rodapés

Rodapés
Mesas

Peitoris
Revestimento de paredes internas

Bancadas em geral


Revestimento para fornos


Aparadouros



Recomendações de aplicação por ambiente
AMBIENTE
ROCHA
Granito
Mármore
Cozinha
Indicado principalmente para bancadas. Os vermelhos e pretos são mais resistentes que os cinzas.
Não deve ser usado porque a sua porosidade o faz absorver substâncias com facilidade.
Banheiro
Indicado principalmente para bancadas. Os vermelhos e pretos são mais resistentes que os cinzas.
Em bancadas e paredes, não há restrições. No piso, deve ser evitado o travertino, muito poroso. Não deve ser utilizado no piso do boxe.
Piso interno e escadas
Sem restrições, embora seja recomendável impermeabilizar o contrapiso no andar térreo.
A princípio, não há restrições, embora os mais porosos possam manchar com a umidade do solo, motivo pelo qual devem ser evitados no andar térreo.
Piso externo e borda de piscina
Recomenda-se apenas que o acabamento seja antiderrapante.
Não deve ser usado, pois a pedra se desgasta com a poluição e chuva ácida.
Parede interna
Por ser mais pesado, não é muito utilizado.
Mais indicado, em função de seu menor peso.
Parede externa
A instalação requer, além da argamassa, grampos de aço inox por trás das pedras para sustentar o peso. Os cinzas devem ser evitados.
Não deve ser usado, pois a pedra se desgasta com a poluição e chuva ácida.

PRINCIPAIS AGENTES DE ALTERAÇÃO EM REVESTIMENTOS
Os principais agentes de alteração em revestimentos referem-se a substâncias aciduladas convencionalmente manuseadas nos ambientes domésticos, mas sobretudo a chuvas ácidas atuantes nos revestimentos externos. Dentre as substâncias domésticas potencialmente nocivas para as rochas, quanto ao ataque químico e manchamento, pode-se referir frutas cítricas (sobretudo limão), vinagre, produtos de limpeza (ácidos e alcalinos), refrigerantes gasosos, bebidas isotônicas, gasolina, querosene, bebidas alcoólicas coradas (destaque para vinho tinto), líquidos com oleosidade, óleos e graxas em geral.

MANUTENÇÃO E LIMPEZA DAS ROCHAS
Devido às suas características naturais, todo o mármore e granito sofre desgaste com o uso e está sujeito a alterações em sua aparência decorrentes do uso, contato com o meio, agressão sofrida por agentes externos e manutenção. Desgastes e alterações na aparência são inevitáveis, porém uma correta manutenção ajuda a prolongar a beleza natural da pedra. Apesar dos cuidados a pedra tem tendência para mudar a sua aparência.

Limpeza
Os melhores produtos para limpeza regular das rochas, principalmente em pisos, são os detergentes de pH neutro e os sabões puros. Os métodos mais comuns para essa limpeza sistemática envolvem a própria lavagem, varrição, aspiração (superfícies não polidas) e uso de esfregão úmido. Também para os pisos é importante que se efetue o trabalho de limpeza com a maior regularidade possível, pois além de abrasiva a sujeira acaba se impregnando nas superfícies pela pressão do tráfego de pedestres.

Prevenção
A prevenção de problemas relacionados à absorção de líquidos e oleosidade pode ser viabilizada através de impermeabilizantes subsuperficiais hidro e óleo repelentes. A utilização desses selantes só pode ser efetuada mediante testes específicos, pois os produtos disponíveis no mercado não têm composição adequadamente grafada e suas recomendações de uso são muito genéricas. A melhor medida preventiva quanto a esses e outros problemas observados é a correta especificação das rochas para os usos pretendidos.

Recuperação
A restauração das rochas aplicadas deve ser efetuada mediante análise específica do problema observado. Os procedimentos mais comuns para remoção de manchas e outras alterações, incluem repolimento, aplicação de ácido oxálico (solução de 10% em volume), aplicação de água oxigenada (20 volumes), jateamento de areia (para superfícies não reflectantes) e aplicação de água quente e/ou valor d’água sob pressão. Para trincas e cavidades, costuma-se efetuar preenchimento com massa plástica, cimento branco ou gesso, misturado ao pó da rocha afetada. Especificamente para travertinos (por exemplo Bege Bahia), existem estuques próprios bastante utilizados em cavidades.

Cuidados após a aplicação
Remover os restos de massa utilizada na sua fixação com uma lã de aço, com muito cuidado para não arranhar a pedra. A lã de aço só deve ser usada na pedra seca, e após seu uso todos os restos desta devem ser completamente removidos antes de continuar a limpeza. Cuidado ao usar lã de aço, seus restos devem ser imediatamente retirados, pois em contato com a água podem oxidar e manchar a pedra.

DICAS DE LIMPEZA
Os mármores e os granitos por normalmente terem a face polida são de fácil limpeza. Se a sujeira for fina como, por exemplo a poeira do dia-a-dia, pode ser removida por um pano macio umedecido, se as partículas forem maiores recomenda-se usar antes uma vassoura macia. Se for necessário lavar utilizar somente água diluída em shampoo ou detergente de pedra ou sabão/detergente de ph neutro.

- Jamais usar na limpeza de mármores e granitos produtos abrasivos ou com princípio ativo forte, tais como sapólio, água sanitária, amoníaco, hipocloreto de sódio, soda cáustica, querosene ou ácidos (ácidos cítricos como de limões por exemplo). Eles podem danificar permanentemente a pedra.

- Pela natureza porosa das pedras, mármores e granitos estão sujeitos a manchas. Cuidado com refrigerantes, óleos em geral, vinho, ferrugem, produtos com corantes fortes, pois podem manchar sua pedra até de forma irreversível.

- Pisos de Mármores e Granitos devem ser limpos assim que possível pois a areia que esta no chão pode vir a arranhar o material com o trafego de pessoas.

GLOSSÁRIO
Escala de Mohs: quantifica a dureza dos minerais, isto é, a resistência que um determinado mineral oferece ao risco, ou seja, a retirada de partículas da sua superfície. Atribuiu valores de 1 a 10. O valor de dureza 1 foi dado ao material menos duro que é o talco, e o valor 10 dado ao diamante que é a substância mais dura existente na natureza.

Fontes:
Ministério das Minas e Energia: www.cprm.gov.br
Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais: www.abirochas.com.br
COOPERGRAN, LTDA: www.coopergrangranitos.no.comunidades.net

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